O Pará foi selecionado em mais uma edição do edital do Programa Diagnóstico Precoce, do Instituto Ronald McDonald. Desta vez, a execução do programa será feita com profissionais de saúde de Bragança, no nordeste paraense. Desde a primeira proposta aprovada, em 2013, os projetos paraenses sempre foram avaliados positivamente, inclusive recebendo premiação internacional com a execução do Programa em Santarém, no ano de 2015.
“O nosso objetivo é capacitar médicos, enfermeiros e agentes comunitários da Estratégia Saúde da Família (ESF) e do Sistema Único de Saúde (SUS) a identificar precocemente o câncer infantil e juvenil, pois é um fator determinante para o resultado positivo do tratamento. A cada edital, escolhemos uma cidade sede das regionais de saúde do estado para receber o treinamento, conforme a demanda de casos avançados da regional”, explicou a oncopediatra, Laudreisa Pantoja, atuante no Hospital Octávio Lobo, em Belém, e que participa desde o início do Programa, no Pará.
O Diagnóstico Precoce tem como objetivo diminuir o tempo entre a identificação dos primeiros sintomas e o diagnóstico final do câncer, possibilitando o tratamento precoce de crianças e adolescentes, muitas vezes iniciado já em fase avançada da doença. No Pará, o Programa é coordenado pela Casa Ronald McDonald Belém e executado por especialistas a profissionais, capacitando-os a suspeitar de potenciais casos de câncer em crianças e adolescentes e a fazer o correto encaminhamento para hospitais públicos de referência. Estimular a estruturação da rede de atenção oncológica através de análise da situação local e da articulação com o gestor do SUS também faz parte dos objetivos do Programa.
A capacitação é realizada através de um curso com duração de 10 meses, no qual são abordados aspectos epidemiológicos e de organização da rede de atenção oncológica, a importância da Estratégia Saúde da Família na detecção precoce e no acompanhamento das crianças e dos adolescentes com câncer, os direitos das crianças e dos adolescentes portadores da doença, os limites e possibilidades da detecção precoce, sinais e sintomas, cuidados necessários com os portadores, cuidados paliativos em oncologia pediátrica e também os aspectos psicológicos.
“Todos os profissionais capacitados recebem o livro Diagnóstico Precoce do câncer infantojuvenil, fruto da cooperação entre o Instituto Ronald McDonald, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) e a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope). Além de ser disponibilizado às unidades de saúde desses profissionais, fluxogramas de sinais, sintomas e condutas para serem afixados no local”, completou a coordenadora técnica do programa no Pará, a enfermeira oncológica, Elizângela da Silva Ferreira.
Desta vez, a escolha de Bragança foi motivada pelo alto número de atendimentos de crianças e adolescentes da região nos hospitais especializados no estado. Bragança faz parte de uma das microrregiões do Estado do Pará pertencente à mesorregião Nordeste Paraense, pertencente ao 4º Centro Regional de Saúde, com população estimada pelo IBGE (2016) em 409.039 habitantes. O município possui, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), três
estabelecimentos de internação, 26 ambulatoriais, quatro de urgência, nove de diagnóstico e terapia, e 3,4 leitos do SUS para cada 1.000 habitantes. Segundo o DATASUS, em 2010, 12% das causas de mortalidade foram em decorrência de neoplasias malignas e, entre estas, quase a metade englobou a população infantojuvenil. Bragança possui médicos pediatras e, até os dias atuais, crianças e adolescentes com suspeita de câncer são encaminhados à Belém para diagnóstico e seguimento adequados.
O município possui 35 equipes de Estratégia Saúde da Família, compostas de profissionais médicos, enfermeiros, dentistas, técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde e outros profissionais de nível técnico e auxiliar. Ao todo são 478 profissionais da Atenção Básica e mais quatro médicos pediátricos atuantes nas Unidades Básicas de Saúde, totalizando 482 participantes previstos. A capacitação no município está prevista para iniciar no mês de dezembro na Unidade de Saúde da Família Taira.
Com o trabalho do Diagnóstico Precoce em vários estados brasileiros, houve o aumento de 23% nos encaminhamentos de crianças e adolescentes com suspeita da doença para o serviço especializado; e nos bairros capacitados, o tempo de trajetória da criança entre a suspeição e o diagnóstico diminuiu em 61%, de 13 para 5 semanas.